quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Desabafo de uma mãe

- "Quero ficar com meu pai hoje porque ele deixa eu colocar a mão suja onde eu quiser e você não."
- "Meu pai deixa. Meu pai compra!"
- "Você só manda eu escovar os dentes, tomar banho, arrumar as coisas."

Nossas imagens juntos sempre 'falam'
mais que qualquer palavra
 (Otávio com 1 ano)
Uma das coisas mais corajosas que eu fiz até hoje foi assumir que seria mãe de verdade. Hoje descobri que o termo correto é ser uma mãe má. (leia o texto Mães Más aqui). Depois disso, outro ato de coragem foi optar pela separação e seguir a vida adiante, mesmo sabendo que não haverá uma separação definitiva, pois há um filho entre nós dois.
 
Meu filho desenha sua família assim, o pai, ele e eu. Ele no meio, ''dividindo'' nós dois. Separação de casais é um clássico exemplo de normose. Normal é não se separar (?). Normal é manter a aparência para a sociedade e viver infeliz e sozinho dentro de casa. Normal é ter sempre um outro alguém e todo mundo fingir que ninguém tem.
 
Não é normal querer estar em paz, levar uma vida digna, defender ponto de vista, ser livre. Quem não sofre de normose está sempre na contramão. O preço é alto. Mas amadurecemos no amor e na dor.
 
As frases que iniciam meu texto são uma das sequelas que a ausência de normose deixam em mim. Dói escutar isso. É inevitavel colocar-se em comparação. Eu sou a única mão que desce no playground para pedir ao meu filho que suba para casa antes das 21h30. Eu sou chata. "Só eu que não posso brincar". Me questiono até que ponto estou certa em fazer isso, afinal, onde estão as outras mães?
 
Gosto da frase (que não sei de quem é) de que viver é ficar equilibrando-se. Ter um filho é isso. Criar um filho sozinha é equilibrar-se em uma corda de barbante. O texto "Mães más" foi recomendado a mim pela coordenadora e a professora do meu filho. Elas perceberam que sou uma mãe má, mas que isso pesa em mim. "No final ele saberá perceber o que você fez", elas disseram. Eu espero.  

"EU ACHO QUE ESTE DEVE SER UM DOS GRANDES MALES DO MUNDO DE HOJE: A INSUFICIÊNCIA DE MÃES MÁS!" - Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra